Os astrónomos observaram diretamente uma companheira próxima orbitando uma estrela gigante moribunda, desafiando os modelos existentes de evolução estelar. A descoberta, feita utilizando o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), fornece uma visão sem precedentes dos caóticos estágios finais de estrelas como o nosso Sol.

O Mistério de π1 Gruis

A 530 anos-luz de distância, π1 Gruis é uma estrela gigante vermelha que se aproxima do fim da sua vida. Estas estrelas envelhecidas expandem-se dramaticamente, arrefecendo à medida que incham até centenas de vezes o seu tamanho original. Eles também sofrem intensa perda de massa, ejetando material equivalente à massa da Terra a cada quatro anos. Detectar companheiras em torno destas estrelas é difícil porque elas ofuscam-nas e variam em brilho.

ALMA revela uma órbita oculta

Uma equipe internacional de cientistas publicou descobertas na Nature Astronomy mostrando uma estrela companheira em uma órbita quase perfeitamente circular em torno de π1 Gruis. Isto contradiz as previsões anteriores de uma órbita elíptica, sugerindo que o sistema evolui mais rapidamente do que se pensava anteriormente.

Modelos desafiadores de evolução estelar

Yoshiya Mori, Ph.D. candidato na Monash University, ajudou a refinar a estimativa de massa de π1 Gruis comparando as propriedades observadas com modelos avançados de evolução estelar. A órbita circular observada implica que os modelos atuais subestimam a taxa de circularização dos sistemas binários. Esta descoberta abre novos caminhos para a compreensão das interações das marés e da evolução binária.

Implicações para o nosso Sol

O líder do projeto, Mats Esseldeurs, da KU Leuven, observa que o nosso sol acabará por entrar numa fase semelhante. Compreender como as companheiras influenciam as estrelas moribundas é crucial para prever o destino dos planetas que orbitam estes sistemas. A investigação sugere que os modelos existentes de evolução estelar podem necessitar de ajustes para ter em conta taxas de circularização mais rápidas em sistemas binários.

A descoberta deste companheiro oculto em torno de π1 Gruis fornece uma peça vital no quebra-cabeça da evolução estelar. Destaca a necessidade de investigação contínua sobre a complexa interação entre estrelas moribundas e as suas companheiras.